O que é o Budismo? Buda existiu mesmo?

07-07-2012

 Buda viveu na Índia mais ou menos de 563 a 483 a.C. Seu nome era Sidarta Gautama, do clã dos Xáquias, uma casta de nobres. Ele revolucionou os costumes da época em que viveu ao negar o valor das castas. Disse que todos poderiam ser  brâmanes, não importando o nascimento. O que distinguia os homens eram suas boas ações. Além disso, contestou a validade dos sacrifícios, que os hindus brâmanes valorizavam muito, afirmando que só as próprias pessoas poderiam se purificar, através de mentes bem-intencionadas. A mente seria a purificadora do espírito, e não os rituais ou o fogo. Foi mal visto e indesejado na Índia, claro, por vários brâmanes.

 Os seguidores de Buda e o próprio Buda raspavam a cabeça, barba e sobrancelha, vestindo-se com mantos de cor amarelo-açafrão. Viviam em mosteiros, em celas, na estação das chuvas. Quando chegava a época seca, viviam ao léu, em bandos, com andarilhos, ou nas florestas, vestindo farrapos.  Havia também os que praticavam o ascetismo: andavam nus, sujos de lama e com os cabelos emaranhados. Praticavam jejum severo, usavam folhas de capim como talher - para que ficasse ai amais difícil conseguir comer - e faziam exercícios bem incômodos como método para descobrir verdades filosóficas, inspirados na Yoga hindu.

O Budismo dificilmente pode ser considerado uma religião, nos moldes ocidentais:

a)Buda foi um homem, não uma deus.

b) Não há culto a qualquer divindade e nem mesmo um ritual apenas formas de reverência (oferta de flores, incenso...).

c) Falta no budismo a ligação – religare, em latim – com um ou diversos deuses. A preocupação do budista é mais com o sofrimento durante esta vida, procurando práticas que extingam o carma, o samsara (ciclo de vidas e mortes), para chegar ao nirvana (felicidade esvaziada de ilusões ou apegos).

d) Não existe explicação sobre a origem do universo e do homem.

e) Também não se preocupa o budismo em atrair novos adeptos; e não existe fé, mas convicção, certeza, confiança que vêm com a prática dos ensinamentos.

Um pequeno resumo dos conceitos principais do Budismo, pra você que deseja uma ideia inicial básica:

Carma =  somatório das atitudes de nossa mente quando em vida. Podem ser boas, neutras ou más, precedendo o sentir ou o agir. Os atos decorrentes dessas intenções são o “fruto do carma”. Continua existindo depois da morte, reaparecendo em diversos mundos, de acordo com a quantidade de bem ou de mal na existência anterior.

Samsara = ciclo de reaparecimentos a que o carma está submetido, até que seus apegos e ilusões se esgotem.

Darma = As elaborações mentais (intenções, ideais, pensamentos, sentimentos, etc.) em resposta aos estímulos da realidade. O darma afeta, por isso, o carma. Daí o cuidado com o que se carrega nos pensamentos, com os sentimentos que se nutre durante a existência.  É diferente do significado hindu bramânico, que o considera como um tipo de “obrigação, dever, contribuição  para com a sociedade”.

Nirvana =  extinção do desejo, ódio e ilusão – do carma. Quase impossível na vida mundana, laica... é preciso virar monge para consegui-lo. A maioria dos seres humanos deve preferir então preocupar-se com o bem-estar e a felicidade própria e dos outros, praticando o bem e domesticando a própria mente. Isso também garantirá, depois da morte, que o  carma reapareça em um mundo mais feliz.

Baseado em:  “Darmapada. A doutrina budista em versos”, de Fernando Cacciatore de Garcia. Editora L&PM Pocket.     Vale a pena ler o livrinho inteiro!

  

No próximo encontro, apresentarei a segunda e última parte do resumo do budismo, onde falarei sobre a doutrina e prática desta forma de espiritualidade. Estão gostando?

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